Nos últimos anos, a categoria dos cafés (torrados e solúveis) tem demonstrado ser uma das mais importantes dos bens de grande consumo, atingindo, no último ano móvel, vendas totais de cerca de 302 milhões de euros nos canais de retalho. O driver de crescimento tem sido o segmento das cápsulas, das quais os portugueses se tornaram fiéis consumidores. Este segmento apresentou uma taxa de crescimento cifrada nos dois dígitos—12% em cada um dos dois últimos anos móveis, aproximando-se dos 200 milhões de euros—o que fez com que hoje esteja entre as categorias mais dinâmicas no grande consumo em Portugal.
Ramiro Vaz, Client Consultant Manager da NielsenIQ, refere que ‘a evolução de cápsulas combina tendências que têm trazido dinâmica ao FMCG em Portugal: Inovação, associada à conveniência com um toque de Premiumização tem sido a receita para o sucesso de uma categoria que é expectável que continue a crescer nos próximos anos, à medida que um número maior de marcas continuam a entrar no mercado e que o produto continua a entrar em mais lares Portugueses todos os anos. A estes fatores acresce o crescente preço médio deste tipo de produto, justificado por constantes lançamentos de novos itens que continuam a gerar valor adicional a uma das categorias que mais inova em Portugal.’
No entanto, o dinamismo que carateriza as cápsulas não está presente em segmentos como os cafés torrados (moído, em grão e pastilhas) e os cafés solúveis, que têm vindo aos poucos a perder importância, com exceção do último ano, em que as suas vendas em valor estabilizaram. ‘Estes segmentos mais maduros estão a perder presença nos lares portugueses e, no caso do café torrado, tem existido uma transferência de consumo para o segmento das cápsulas, que vieram revolucionar o mercado dos cafés,’ refere Ramiro Vaz.
E quem são os consumidores que mais procuram as cápsulas?
Com esta inovação disruptiva, não admira que seja entre os lares mais jovens que existe uma maior importância das cápsulas de café no respetivo cesto de compras do agregado. Os Millennials são os que disponibilizam uma maior fatia do seu gasto anual às cápsulas de café, seguido pelas famílias e apenas depois pelos séniores, o que significa que são os mais jovens quem procura este tipo de produto. Por outro lado, são os séniores quem mais procura os cafés torrados, tendo o descafeinado um peso relativamente superior em comparação com as outras gerações (que é justificado pelas necessidades específicas das pessoas mais idosas). Os solúveis também são um produto bastante procurado pelos séniores sendo pelo contrário o segmento menos procurado por parte dos Millennials.
A importância dos cafés em Portugal é visível também no canal horeca, estando os cafés presentes em 99% do universo de cafés, restaurantes, snacks, bares e hotéis. O consumo de café no canal horeca apresentou, no ano móvel que terminou em julho de 2017, um crescimento de 6% face ao período homólogo, registando um valor superior a 297 milhões de euros. Esta categoria cresce também em volume (+5%), comprovando a sua performance positiva e o efetivo aumento do consumo da mesma.
Ramiro Vaz refere ainda que ‘dados recentes do Índice de confiança do consumidor da NielsenIQ revelam que os consumidores portugueses estão cada vez mais confiantes, alcançando níveis de confiança históricos. Este aumento de confiança, associado ao facto de terem mais dinheiro para gastar, tem levado os consumidores a estarem mais disponíveis para o consumo fora do lar e tem promovido um comportamento de procura de mais opções de lazer. O aumento de ocasiões de consumo fora do Lar contribui para o crescimento do canal horeca, nomeadamente na categoria de Cafés. A este comportamento dos consumidores Portugueses acresce o maior fluxo turístico em Portugal, contribuindo para o aumento do consumo no Out of Home, com potencial impacto no consumo do café.’